Amanhar um Choco
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Repare
que junto ao vértice do corpo do choco se encontra em primeiro plano um
saco escuro que acaba num tubo comprido que vai quase até à base da
cabeça: é o saco da tinta. Segure pelo “tubo” e puxe auxiliando com uma
faca afiada para cortar algumas aderências brancas, sem ferir o saco ou o
tubo
No
caso de ir grelhar o choco inteiro, com tinta, não separe o saco da
parede mas levante-o o suficiente para retirar os órgãos intestinais e
reprodutores que estão por baixo e à volta do saco ( intestino e
testículos ou ovos). Deve respeitar uma estrutura em forma de saco com
duas pontas, de cor castanha, que se desenvolve logo abaixo da base da
cabeça e que contém uma massa brilhante e castanha, responsável por
muito do sabor que o choco tem e que os “profissionais” sempre tiram
juntamente com o resto. O aspeto final, no caso em que retirou por
completo o saco da tinta é este.
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Como disse antes, se for para grelhar com tinta,
deve deixar o saco no seu lugar e protegido pela parede da face ventral
que, para tal, não corta no último terço. Dê um nó no tubo que sai do
saco para a tinta não sair durante o grelhar e deixe também os sacos
castanhos. Quando o choco se destina a fritar aos bocados,
deve tirar todas as vísceras, incluindo os sacos castanhos, podendo no
entanto aproveitar a tinta. Se o quiser fazer, amarre o tubo com uma
linha ou cordel de modo a que a tinta não saia do saco
e pode conservá-lo por vários dias, assim dentro do saco, no
frigorífico, mergulhado em água saturada de sal. Pode depois usar a
tinta para outras preparações como a pasta negra e molhos da mesma cor. Para todas as outras preparações,
deve retirar, íntegro, o saco da tinta e retirar também os sacos
castanhos, dado que um ou os dois, serão usados durante a confeção mas
não devem ser fritos ou refogados, sendo adicionados depois, numa fase
mais adiantada do guisado, estufado, caldeirada, etc.
Na praça, existem dois tipos de choco, bem diferentes apesar de
serem o mesmo animal: um limpo, listrado e cheio de cor e outros
envoltos numa massa negra da própria tinta. Escolha os primeiros, que
são os pescados junto à costa com técnica artesanal e que, ao contrário
dos outros, não perderam quase toda a tinta e a pele durante o período
em que se debateram na rede de arrasto que os capturou.
Nesta altura tem que ter convicções, o vendedor vai contar-lhe histórias mirabolantes para vender o seu peixe.
. Disponha o choco com a face
ventral (branca) para cima e abra-o com um golpe longitudinal que deve
ficar um pouco acima do que aqui mostro, no caso de se destinar a
grelhar com tinta..


.
Vire
então o choco, dê um golpe na pele sobre o “osso” e retire-o. Ficará a
ver então os sacos castanhos, vistos pelo outro lado.
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Retire então os olhos, com o auxílio de uma faca muito afiada

.
e por fim o aparelho bucal , dito “bico de papagaio” que está no centro das oito pernas.
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Nunca,
em caso algum, esfole um choco ou lula, ou permita que o façam, sob
pena de ficar com um choco fresco com a falta de sabor dessas tiras de
choco congelado que, a bem dizer, não sabem a nada.
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